domingo, 11 de novembro de 2018

Trabalho criador de Valor de Troca e conteúdo social

Em "O Capital", o filósofo Karl Marx diz:

"O trabalho criador de Valor de Troca caracteriza-se, finalmente, pelo fato de as Relações Sociais entre as pessoas se apresentarem, por assim dizer, como uma 'Relação Social entre as coisas'".

Parece uma metáfora exagerada. Não vamos julgar agora. Vamos ver se na continuação da sua assertiva ele consegue dar sentido ao que propõe:

"É comparando um Valor de Uso com um outro, na sua qualidade de Valor de Troca, que o trabalho de diversas pessoas é comparado no seu aspecto de trabalho Igual e Geral".

Vejamos se a sua última conclusão, prosseguindo no seu raciocínio, é correta:

"Se é pois verdade dizer que o Valor de Troca é uma relação entre as pessoas, é necessário acrescentar uma relação que se esconde sob a aparência das coisas".

Análise

Vamos analisar, nos dias de hoje, se isto procede:

Suponhamos dois desconhecidos, e para tornar o modelo mais nítido, dois desconhecidos de classes sociais distantes. O Primeiro deseja trocar algo que tem, que não usa mais, por uma moto de 150 cilindradas. Ele vam a conhecer uma Segunda pessoa, que possui esta moto, e começa a combinar a troca.

A Segunda pessoa deseja um XBox One, e apesar de seu alto poder aquisitivo, não quer comprar um novo. O Primeiro tem este equipamento, e não o usa mais. Na estimativa dos valores, evidentemente depreciados, pois o XBox não é novo, assim como a moto não é nova. Os anos de fabricação não são os mesmos tanto da moto quanto do XBox One.

Mas mesmo sendo ambos usados, a Segunda pessoa argumenta que o XBox One não cobre o Valor de Troca da moto, respeitadas as condições de uso. Esta Segunda pessoa pergunta se o Primeiro não tem outro equipamento eletrônico que não use mais. O Primeiro tem um som muito bom e que não usa mais. A Troca chega a um acordo.

Para a Segunda pessoa, a moto não tem mais nenhum valor de uso. Está encostada, e provavelmente vai precisar de uma revisão. Para o Primeiro, tanto o XBox quanto o som são estorvos, que não usa mais, e que deixados sem uso podem se estragar.

A Troca

Como dissemos, a troca é efetuada. No nível de Troca, não existe Valor Social nenhum. Não existe conhecimento do Valor de Uso inicial imediatamente após a conclusão da fabricação da Mercadoria. Mesmo que fosse lembrado, as mercadorias já são antigas, usadas, e não tem mais seu valor original.

Mercadoria não tem memória, não tem história. Se houvesse Valor Social envolvido, a Primeira Pessoa envolvida na troca sempre utilizaria o som comprado. A compra seria uma espécie de "Compromisso de Uso". Acontece que isto é normal na sociedade. As pessoas param de usar as coisas, ou compram coisas novas, mais modernas, mais eficientes, menores, ou mesmo combinadas com outras funções. E fazem isto mesmo que a Mercadoria tenha sido adquirida por alto preço.

Se fosse verdadeiro o argumento do Valor Social, as pessoas não se desfariam de seus bens adquiridos até por valores inferiores aos da Compra. Mercadoria não tem história, como o tem os homens.

O Valor de Troca, segundo KM, pode se reduzir com o Tempo, à medida em que a Indústria consegue produzir em maior quantidade e até mais rápido, quando se aborda o problema por unidade.

E mesmo a mercadoria nova, sendo produzida de forma mais rápida, é mais barata. A antiga foi produzida em condições anteriores, mais lentamente, e portanto seria mais cara. Mas o Mercado leva em conta o uso que se faz, e não a História da Mercadoria. Exceção é feita no mercado de antiguidades e só. E ainda assim, a antiguidade ainda tem o agravante de ser "rara", ou seja, a quantidade disponível no presente deve ser pouca ou bem pouca.

Portanto, o tal "Valor Social" só se dá nos casos onde a "história" do Valor de Uso é importante.

O termo SOCIAL, na teoria de KM, é puramente um fator de despertamento do raciocínio filosófico necessário para discutir e aperfeiçoar a Economia, elevada à categoria de Ciência Social.

Toda crítica é positiva para o esclarecimento e para o despertar de novos detalhes.

Esclarecimentos quanto ao caráter Social


  • O Valor Social não está na Mercadoria, como valor "coagulado", mas no Trabalho do operário, em seu meio social. E como ?
  • O Trabalho, seja qual for a remuneração do trabalhador, é fator de Integração Social.
  • A remuneração do Trabalho deve ser proporcional ao tempo do trabalho e à relevância da função desempenhada para a evolução social.

Portanto, quanto mais antigos os empregados, melhor deve ser a sua remuneração. E quanto maior ma responsabilidade, também maior deve ser a remuneração do trabalhador.

Deve-se ter muito cuidado com os termos "Trabalho Simples", "Trabalho Igual" e "Valor Social" de Karl Marx, pois abre precedentes para que os capitalistas tratem todos os trabalhadores como uma massa de Pessoas Iguais, sob a justificativa de que o Trabalho é Social, e não Individual.

Conclusão

O trabalho transfere este "Conteúdo Social" da Mercadoria para o Trabalhador. Este deve ser reconhecido individualmente, e não coletivamente, pois "embaça" a visão do trabalhador.

 

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