sábado, 20 de agosto de 2016

Tecnologia para foguetes até a bomba V2

O rumo da Segunda Guerra Mundial poderia ter sido diferente. A tecnologia alemã estava perigosamente avançada, e o seu único freio foi a questão econômica, pois ela já havia iniciado ataques aéreos com bombas voadoras, passíveis de serem colocadas na categoria de foguetes.

Neste artigo vamos acompanhar o desenvolvimento destes dispositivos.

Os chineses

Já é de domínio público a informação de que a pólvora foi inventada pelos chineses no terceiro século antes de Cristo. Mas eles não usavam esta solução simplesmente para observar aquela mistura pegar fogo. Havia uma finalidade definida, ou seja, a de explodir o artefato para espantar os maus espíritos.

Estes foguetes eram simples tubos de bambu cheios de Salitre (Nitrato de Sódio ou de Potássio), Enxofre e Carvão. O esperado era que explodisse, no entanto, a vedação de um lado poderia ser mais fraca que o outro, e o bambu preenchido saltava, soltando um rastro de fogo.

Na Idade Média, durante a dinastia Han, no século IX, os alquimistas chineses conseguiram misturar, na proporção correta, o carvão, o salitre e o enxofre, para dar a nossa conhecida pólvora, chamada "huo yau". Por apresentar as proporções corretas, era mais fácil de controlar do que as misturas anteriores. Uma vez determinadas as corretas proporções, elas foram anotadas no manuscrito Wojing Zongyao.

O uso da pólvora para arremesso de artefatos sólidos começou entre os séculos X e XIII, durante a Dinastia Song. O bambu continuou a ser usado, mas em um dos lados era colocada uma pedra convenientemente ajustada ao tamanho do orifício. Foi introduzido o uso do pavio. Um artefato desta natureza podia arremessar uma pedra a 50 metros, com energia suficiente para perfurá-lo.

Mas os chineses não estavam propriamente atrás de substâncias explosivas nem inflamáveis. Seus alquimistas estavam em busca de um composto que possibilitasse a vida eterna. Mas o que interessa é que o resultado ajudou no progresso da ciência

Os foguetes

A primeira batalha em que se utilizou foguetes pela primeira vez foi em Kai-fung-fu, no ano de 1232, na China. Nesta batalha os chineses conseguiram afugentar os terríveis mongóis, graças a esta arma, chamada "seta de fogo".

Alguns anos mais tarde, foi a vez dos mongóis utilizarem deste artefato. Em 25 de dezembro de 1241, eles usaram estes foguetes para combater os húngaros, na Batalha de Sejo, que antecedeu a captura da cidade de Buda (Budapeste hoje). Em 1258, os mesmos mongóis usaram novamente estes artefatos 15 de fevereiro, para capturar a cidade de Bagdad.

As Armas de fogo

O leitor se surpreende com o título deste tópico que ora se estabelece, em sequência ao assunto ? Como pode ser isto ? As armas de fogo sucederam os foguetes. Lembrem-se, pelo já exposto, que a acepção dos foguetes não fazia alusão à ideia de se lançar nada ao espaço; pretendia-se utilizar o princípio de sua explosão para o lançamento de projéteis à distância. Eles compreenderam que a pólvora, princípio ativo do fenômeno de lançamento à distância podia lançar projéteis. Daí nasceu o princípio das armas de fogo.

Os árabes adotaram os foguetes como armas, e na Sétima Cruzada usaram-nos contra os franceses no ano de 1268. O princípio das armas de fogo foi utilizado nos canhões. Sua invenção é atribuída ao monge alemão Berthold Schwarz (1310-1384) quando utilizou a mesma mistura que os chineses utilizaram, ou seja, ele teve acesso a algum escrito chinês. Ele não inventou o canhão, apenas aplicou uma ideia existente a artefatos mais elaborados (do bambu para o bronze).

A primeira fábrica de armas italiana foi a Beretta. Seu trabalho vem sendo documentado desde 1526. Bartolomeu di Bereti, seu fundador, começou a fabricar canhões encomendados pela República de Veneza.

Canhões

Os canhões podem ser vistos como a primeira tentativa de se levar grandes e pesadas cargas a grandes distâncias. E estas cargas tanto serviam para romper barreiras e provocar danos ao terreno das fortalezas, quanto para provocar explosões e incêndios em uma combinação suficiente para produzir grande caos. Os turcos usaram canhões gigantescos para conquistar Constantinopla, em 1453:


Na primeira Guerra Mundial, podemos citar, relacionado ao assunto, o lançador de obuses gigante Big Bertha. Seu alcance era de 12 km, e o calibre do projétil era de 420 mm, pesando 830 kg:

Canhão Big Bertha

Obus do Big Bertha


O Big Bertha foi montado na fábrica alemã Krupp, a partir de 1908. Foi utilizado operacionalmente somente em 1914, e era desmontado para transporte em quatro reboques deslocados por tratores. Portanto, sua utilização não era prática. Ele foi substituído pelo Canhão de Paris:


Este canhão podia arremessar projéteis a 130 km, provando a capacidade alemã para produzir artefatos pesados e eficientes. Foi utilizado em 1918 para bombardear Paris. Vejam o projétil desta arma:


Este projétil pesava quase 100 kg, e chegava a 42 km de altura quando lançado. Sua velocidade alcançava 1600 m/s, ou seja, 5760 km/h. Os poderosos projéteis deste canhão só foram superados pelas bombas V2.

Tecnologia alemã de guerra

Na década de 30, os foguetes estavam muito populares na Alemanha. Veja este filme raro:



O primeiro foguete alemão foi a bomba V1, seguida pela bomba V2, que podia ser mais facilmente incluída na categoria de foguete:


Bomba V1 em detalhe



Apesar de pretender preencher a categoria dos mísseis de longa distância, 70 % destas bombas foram derrubadas, obrigando a Alemanha a partir para o projeto de uma bomba mais pesada, a V2:


A Bomba V2, ou foguete A4, impressionava pelo seu tamanho e complexidade:


O seu nível de sofisticação atestava a capacidade dos engenheiros alemães, Wernher von Braun, Arthur Rudolph e Kurt H. Debus, além de outros, com suas 2 toneladas, das quais 900 kg estava na ogiva com explosivos. Um verdadeiro prodígio, pois os foguetes que a sucederiam usariam como base a sua tecnologia. Era um foguete completo, com controles direcionais eficientes.

Parte I - Oxigênio e injetor de Combustível


Parte II - Em detalhes - controle da trajetória



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