sábado, 20 de agosto de 2016

Tecnologia para foguetes até a bomba V2

O rumo da Segunda Guerra Mundial poderia ter sido diferente. A tecnologia alemã estava perigosamente avançada, e o seu único freio foi a questão econômica, pois ela já havia iniciado ataques aéreos com bombas voadoras, passíveis de serem colocadas na categoria de foguetes.

Neste artigo vamos acompanhar o desenvolvimento destes dispositivos.

Os chineses

Já é de domínio público a informação de que a pólvora foi inventada pelos chineses no terceiro século antes de Cristo. Mas eles não usavam esta solução simplesmente para observar aquela mistura pegar fogo. Havia uma finalidade definida, ou seja, a de explodir o artefato para espantar os maus espíritos.

Estes foguetes eram simples tubos de bambu cheios de Salitre (Nitrato de Sódio ou de Potássio), Enxofre e Carvão. O esperado era que explodisse, no entanto, a vedação de um lado poderia ser mais fraca que o outro, e o bambu preenchido saltava, soltando um rastro de fogo.

Na Idade Média, durante a dinastia Han, no século IX, os alquimistas chineses conseguiram misturar, na proporção correta, o carvão, o salitre e o enxofre, para dar a nossa conhecida pólvora, chamada "huo yau". Por apresentar as proporções corretas, era mais fácil de controlar do que as misturas anteriores. Uma vez determinadas as corretas proporções, elas foram anotadas no manuscrito Wojing Zongyao.

O uso da pólvora para arremesso de artefatos sólidos começou entre os séculos X e XIII, durante a Dinastia Song. O bambu continuou a ser usado, mas em um dos lados era colocada uma pedra convenientemente ajustada ao tamanho do orifício. Foi introduzido o uso do pavio. Um artefato desta natureza podia arremessar uma pedra a 50 metros, com energia suficiente para perfurá-lo.

Mas os chineses não estavam propriamente atrás de substâncias explosivas nem inflamáveis. Seus alquimistas estavam em busca de um composto que possibilitasse a vida eterna. Mas o que interessa é que o resultado ajudou no progresso da ciência

Os foguetes

A primeira batalha em que se utilizou foguetes pela primeira vez foi em Kai-fung-fu, no ano de 1232, na China. Nesta batalha os chineses conseguiram afugentar os terríveis mongóis, graças a esta arma, chamada "seta de fogo".

Alguns anos mais tarde, foi a vez dos mongóis utilizarem deste artefato. Em 25 de dezembro de 1241, eles usaram estes foguetes para combater os húngaros, na Batalha de Sejo, que antecedeu a captura da cidade de Buda (Budapeste hoje). Em 1258, os mesmos mongóis usaram novamente estes artefatos 15 de fevereiro, para capturar a cidade de Bagdad.

As Armas de fogo

O leitor se surpreende com o título deste tópico que ora se estabelece, em sequência ao assunto ? Como pode ser isto ? As armas de fogo sucederam os foguetes. Lembrem-se, pelo já exposto, que a acepção dos foguetes não fazia alusão à ideia de se lançar nada ao espaço; pretendia-se utilizar o princípio de sua explosão para o lançamento de projéteis à distância. Eles compreenderam que a pólvora, princípio ativo do fenômeno de lançamento à distância podia lançar projéteis. Daí nasceu o princípio das armas de fogo.

Os árabes adotaram os foguetes como armas, e na Sétima Cruzada usaram-nos contra os franceses no ano de 1268. O princípio das armas de fogo foi utilizado nos canhões. Sua invenção é atribuída ao monge alemão Berthold Schwarz (1310-1384) quando utilizou a mesma mistura que os chineses utilizaram, ou seja, ele teve acesso a algum escrito chinês. Ele não inventou o canhão, apenas aplicou uma ideia existente a artefatos mais elaborados (do bambu para o bronze).

A primeira fábrica de armas italiana foi a Beretta. Seu trabalho vem sendo documentado desde 1526. Bartolomeu di Bereti, seu fundador, começou a fabricar canhões encomendados pela República de Veneza.

Canhões

Os canhões podem ser vistos como a primeira tentativa de se levar grandes e pesadas cargas a grandes distâncias. E estas cargas tanto serviam para romper barreiras e provocar danos ao terreno das fortalezas, quanto para provocar explosões e incêndios em uma combinação suficiente para produzir grande caos. Os turcos usaram canhões gigantescos para conquistar Constantinopla, em 1453:


Na primeira Guerra Mundial, podemos citar, relacionado ao assunto, o lançador de obuses gigante Big Bertha. Seu alcance era de 12 km, e o calibre do projétil era de 420 mm, pesando 830 kg:

Canhão Big Bertha

Obus do Big Bertha


O Big Bertha foi montado na fábrica alemã Krupp, a partir de 1908. Foi utilizado operacionalmente somente em 1914, e era desmontado para transporte em quatro reboques deslocados por tratores. Portanto, sua utilização não era prática. Ele foi substituído pelo Canhão de Paris:


Este canhão podia arremessar projéteis a 130 km, provando a capacidade alemã para produzir artefatos pesados e eficientes. Foi utilizado em 1918 para bombardear Paris. Vejam o projétil desta arma:


Este projétil pesava quase 100 kg, e chegava a 42 km de altura quando lançado. Sua velocidade alcançava 1600 m/s, ou seja, 5760 km/h. Os poderosos projéteis deste canhão só foram superados pelas bombas V2.

Tecnologia alemã de guerra

Na década de 30, os foguetes estavam muito populares na Alemanha. Veja este filme raro:



O primeiro foguete alemão foi a bomba V1, seguida pela bomba V2, que podia ser mais facilmente incluída na categoria de foguete:


Bomba V1 em detalhe



Apesar de pretender preencher a categoria dos mísseis de longa distância, 70 % destas bombas foram derrubadas, obrigando a Alemanha a partir para o projeto de uma bomba mais pesada, a V2:


A Bomba V2, ou foguete A4, impressionava pelo seu tamanho e complexidade:


O seu nível de sofisticação atestava a capacidade dos engenheiros alemães, Wernher von Braun, Arthur Rudolph e Kurt H. Debus, além de outros, com suas 2 toneladas, das quais 900 kg estava na ogiva com explosivos. Um verdadeiro prodígio, pois os foguetes que a sucederiam usariam como base a sua tecnologia. Era um foguete completo, com controles direcionais eficientes.

Parte I - Oxigênio e injetor de Combustível


Parte II - Em detalhes - controle da trajetória



Partes Internas



















domingo, 31 de julho de 2016

Tecnologias dos anos 50 e 60

Um dos erros de interpretação a respeito da palavra Tecnologia é o falso entendimento de que ela repousa sobre um conjunto de dispositivos ou de aparelhos. Não, absolutamente. Esta é a interpretação do senso comum, gerador de enganos e de engodos.

Tecnologia é um conjunto de Conhecimentos já consolidados, e que servem de FRAMEWORK para a resolução de vários problemas, seja através de teorias, seja através de dispositivos ou de aparelhos.

O que é um Framework

Um Framework é uma representação de uma abstração que embasa um contexto dentro do qual se encaixam vários problemas.

Um exemplo simples é o sistema de coordenadas concebido por Descartes (Plano Cartesiano), cuja representação em nosso mundo é feita no papel, desenhando-se um eixo horizontal e um vertical, no formato de cruz. Neste delimita-se as unidades em sequência, e marca-se cada uma com a sequência dos números naturais.

O primeiro Framework da tecnologia

Usando-se este plano cartesiano para desenhar as curvas que representam as medições dos parâmetros que regem os fenômenos naturais, temos uma compreensão espacial dos mesmos. Este estudo de fenômenos no plano cartesiano originou o ramo da Matemática a que chamamos comumente de Geometria.

Muitos poderiam dizer, baseado no senso comum, que a primeira tecnologia do homem foi o Fogo. Se o fogo produzido com gravetos e palha fosse tecnologia, não entenderíamos o que realmente interessa, e que ele fornece: o CALOR. O calor também pode ser produzido por Resistências elétricas, por Microondas e por Células fotovoltaicas (entre outras coisas).

Portanto, o Framework que trata do fogo é aquele que contém o embasamento para estudar o CALOR, chamado de Termodinâmica, um dos ramos da Engenharia Térmica.

Eletromagnetismo

Vamos começar do presente, com algum equipamento ou tecnologia bem conhecido, para esclarecer mais ainda o erro em torno da interpretação sobre o que é Tecnologia: o conhecidíssimo WiFi.

O Wifi é uma das justificativas, junto ao celular, para a verdadeira vaidade dos jovens destas primeiras décadas dos anos 2000, em dizer que só agora temos tecnologia para fazer as coisas. Vejamos se isto procede. Uma crítica é sempre um bom ponto de partida para se esclarecer a verdade.

O que tornou possível o Wifi ? Para responder a esta pergunta, temos que fazer uma outra: em que consiste basicamente o Wifi ?

O Wifi é um tipo de transmissão de impulsos elétricos que não utiliza um meio físico (wireless - sem fio), ou seja, não utiliza os anacrônicos fios, que, quando se multiplicam em demasia, inviabilizam a compreensão clara das ligações, a manutenção e a resolução de falhas. Portanto, constatamos que o Wifi é um tipo de transmissão que utiliza o mesmo princípio do rádio, nosso velho conhecido, porém com uma especificação que impeça a sua interferência sobre os equipamentos já existentes. Esta especificação é conhecida pelo nome IEEE 802.11.

O IEEE é o "Institute of Electrical and Electronics Engineers", ou seja, Instituto de Engenheiros Elétricistas e Eletrônicos, e age como um INPI sobre novos recursos que estejam no contexto Eletro-eletrônico.

Desta forma, o IEEE definiu a faixa de frequência do Wifi, em sua especificação, além de protocolos para transferência voltada especialmente para os dados das redes de computadores.

Mas de forma objetiva, o Wifi não utiliza nenhuma tecnologia além daquela requerida pelo Rádio ou pela TV aberta, qual seja a de transmissão de Ondas. E a transmissão de ondas se dá sobre a Framework do ELETROMAGNETISMO.

O princípio do Eletromagnetismo foi identificado pelo Dinamarques Hans Christian Oersted, em 1820. É aqui que queríamos chegar: no ano. Neste momento de nossa exposição, temos uma tecnologia, o Eletromagnetismo, e um ano, 1820.

Quanto à esta tecnologia, saiba o leitor, temos a dizer que é a "MÃE" de uma série de outras Frameworks que adentraram os anos 1800-1900, provocando uma avalanche de novidades, para culminar, nos anos 1950 na Eletrônica. Em outras palavras, a possibilidade de se ter a infra-estrutura de equipamentos necessária ao computador já estava totalmente viabilizada.

A descoberta e a formalização matemática do Eletromagnetismo lançou as bases das tecnologias mais complexas posteriores.

Continuemos, então. Em 1831, Michael Faraday descobriu que a variação de um campo magnético em torno de um fio condutor gerava corrente elétrica., princípio do Gerador de Eletricidade, fundamental para a concepção de nossa infra-estrutura atual de energia elétrica. Lembrem-se, estamos ainda nos anos 1800.

Ao ser estabelecida a rede elétrica, circuitos elétricos surgiam por consequência, alimentando aparelhos nas residências e nas indústrias, estas últimas sendo as primeiras motivadoras da preocupação de se usar a eletricidade. Com o número de consumidores atendidos aumentando, os circuitos foram ficando complexos. Grandes variações de corrente surgiam. Mas um alemão, Gustav Robert Kirchhoff, em 1847, formulou a lei que leva seu nome, e permite calcular as correntes nas diversas partes de um circuito elétrico. Pedimos ao leitor para ter especial atenção ao fato de que nem entramos nos anos 1900, ainda.

O Telégrafo

Se os princípios do Eletromagnetismo permitiram o uso de eletricidade nas fábricas para as máquinas, o invento que deu impulso às pesquisas seu melhor aproveitamento e consolidação foi o Telégrafo.

A última finalidade, a mais nobre, proporcionada pela tecnologia, é a COMUNICAÇÃO. O leitor vai entender isto pensando na Internet e no celular, hoje. Tem coisa mais útil do que se passar uma informação sobre um fato no momento em que ele está ocorrendo ? A coisa de que o ser humano mais gosta não é a novidade ?

A invenção do Telégrafo em 1835 pelos americanos Joseph Henry e Samuel Morse é comparável ao advento da Internet. As pessoas ficaram extremamente entusiasmadas com o novo recurso, que proporcionava a transmissão de informações na hora em que estavam acontecendo. Se você acha que a Internet é uma grande conquista, e coloca este nosso tempo como muito melhor que os anteriores, veja que em 1835 já se dispunha de um meio eficaz de comunicação.

Em 1891, o gênio Nikola Tesla deu a vitória à corrente alternada como a mais adequada para transmissão da eletricidade às grandes distâncias, na exposição de Frankfurt. Em 1893 George Westinghouse adotou este tipo de corrente para a transmissão de eletricidade a partir de seus geradores hidroelétricos instalados nas cataratas do Niagara.

Só se pode dizer que existe Tecnologia quando se tem seu Framework

A eletricidade encontrou seus meios de ser gerada, mas mesmo assim não havia um aproveitamento eficiente, e nem meios para atender à demanda projetada para um país das dimensões do Estados Unidos. Se ela tivesse nascido na Bélgica ou Holanda, países pequenos, não teria progredido, pois uma pequena malha de circuito seria suficiente.

Ou seja, sabia-se gerar e distribuir a energia elétrica, mas o eletromagnetismo só tinha princípios para uso imediato. Foi somente em 1873 que James Clerk Maxwell, sábio escocês, criou as equações gerais do eletromagnetismo. Portanto, a Tecnologia do Eletromagnetismo SÓ PASSOU A EXISTIR À PARTIR DA FORMALIZAÇÃO MATEMÁTICA DOS SEUS PRINCÍPIOS E PARÂMETROS.

Tecnologia é isto. Um princípio, um conceito, que abre a possibilidade de aproveitamento das forças existentes na natureza para várias aplicações.

Ressaltamos que ainda nem entramos nos anos 1900, e Maxwell já formulou equações que só são compreendidas em um nível escolar superior, por alunos de física. Com isto estava aberta a possibilidade para existência e aperfeiçoamento do Rádio, Televisão, Internet, Circuitos Elétricos, Radar, Trens de alta velocidade (MAGLEV), modems, roteadores, geradores, motores, alternadores e tantas outras facilidades do campo do eletromagnetismo.

A formalização do Eletromagnetismo por Maxwell envolve conhecimentos de vetores e de tensores, e está descrita em seu trabalho "A Treatise of Electricity and Magnetism".

O telefone

Alexander Graham Bell, de certa forma, estava fadado ao ofício das comunicações. Ele trabalhava em uma escola para surdos como professor de Fisiologia Vocal. Em Boston, ele estava altamente interessado em transmitir voz. Ele já vinha fazendo experiências com o telégrafo. Uma das características deste equipamento que o incomodava, era o fato dele fazer uma só comunicação por vez, chamado por ele de "Telégrafo harmônico".

Em Boston havia um empregado de uma loja de máquinas, de nome Thomas A. Watson. Com a sua ajuda, construiu um protótipo. Este protótipo transmitia o impulso elétrico, de corrente e de frequência variável, a partir de um diafragma, que ao vibrar produzia variações no campo magnético, para no final, no aparelho do outro lado, esta mesma corrente fazer vibrar um diafragma. Este já é o princípio do telefone. Ele estava no caminho certo.

Graham Bell registrou a patente, e três dias depois ele transmitiu a famosa mensagem:

"Mr. Watson, come here. I need you." (Sr. Watson, venha aqui. Preciso de você.)

Após alguns problemas de patente (a mesma registrada duas horas após Bell por Elisha Gray), Graham Bell abriu a empresa AT&T (American Telephone and Telegraph), sobre a qual nem precisamos tecer maiores detalhes.

A patente da AT&T

Em 1907, a patente registrada por Graham Bell, acerca do funcionamento do telefone, expirou. Outras companhias poderiam entrar neste crescente e promissor mercado. Quando algo deste tipo ocorre, a companhia em questão procura conceber um novo princípio sobre o anterior, para se proteger por mais alguns anos, impondo royalties a quem deseje fazer concorrência. E eles viram uma única saída: um serviço de telefonia transcontinental.

Mas uma transmissão desta distância provocava uma perda de sinal muito significativa. Era preciso algo que amplificasse a corrente do sinal sendo enviado. No ano anterior, um inventor excêntrico de nome Lee de Forest havia desenvolvido um triodo encerrado em um tubo de vácuo. Este novo dispositivo podia amplificar os sinais sendo transportados nas linhas telefônicas, e ficou mundialmente conhecido como válvula.

Quem se lembra das válvulas deve se lembrar também das desvantagens deste dispositivo:
  • Volume ocupado;
  • Alto consumo de energia;
  • Produção de calor alta;
  • Amplificação não confiável;

Os primeiros rádios e TVs utilizaram este dispositivo. Para ligar, era necessário deixar o aparelho esquentar, para que o desempenho das válvulas fosse satisfatório.

Em 1930, o diretor de pesquisa do Bell's Laboratory começou a achar que a resposta para a substituição das válvulas estava em uma solução que estava em estudo: os SEMICONDUTORES.

Os Semicondutores

Todos acreditam que os semicondutores só foram descobertos após a Segunda Guerra mundial. Não foi bem assim. Em 1833, Michael Faraday observou que o Sulfeto de Prata apresenta um coeficiente negativo de resistência com a temperatura. Em outras palavras, com o aumento da temperatura, ao invés da resistência elétrica aumentar, ela diminui no Sulfeto de Prata, ou seja, a corrente elétrica aumenta com o aumento da temperatura. A característica descrita anteriormente é a de um semicondutor.

Em 1839, Alexander Edmond Becquerel observou um efeito fotovoltaico em eletrodos de platina cobertos com Cloreto de Prata.

O desenvolvimento de dispositivos eletrônicos teve início em 1874, quando o físico alemão Karl Ferdinand Braun fez um retificador de corrente com Sulfeto de Chumbo (Galena) solado em fio de cobre. Quem não se lembra dos rádios de Galena ?

A Teoria Quântica

O desenvolvimento dos semicondutores só se deu efetivamente com o estabelecimento da Mecânica Quântica. Isto coaduna com o que explicamos sobre Framework. Antes da Mecânica Quântica, o que se fazia era um conjunto de experiências que correspondem ao processo de tentativa e erro. Sem uma definição clara da Framework, sem uma formalização de uma Teoria, o que se tem é uma série de especulações e dispositivos imprecisos e ineficientes.

Durante a década de 1920, Bohr, de Broglie, Heisenberg, Schrodinger e outros estabeleceram as bases para a compreensão precisa do comportamento dos semicondutores. Niels Bohr nos deu, em 1913, o modelo quântico do átomo. Seu trabalho sobre o núcleo do átomo possibilitou a concepção do processo de fissão do átomo. Em 1924, Louis de Broglie criou a hipótese da dualidade onda-corpúsculo da matéria. Heisenberg entendeu e postulou que é impossível se saber, ao mesmo tempo, a posição e a velocidade de uma partícula atômica, devido justamente à natureza ambígua da matéria, como enunciado por de Broglie. Schrodinger formulou a importantíssima equação que descreve o estado quântico de um sistema físico.

Em busca dos semicondutores

No ano de 1936, a Bell Labs, subsidiária da AT&T para desenvolvimento de tecnologia, criou um grupo específico para viabilizar o uso dos semicondutores. O seu uso visava o desenvolvimento de um Transistor de Efeito de campo (FET - Field Effect Transistor).

Em 1939, R. Ohl (Russel Shoemaker Ohl - Nos artigos brasileiros, o nome está grafado ERRADAMENTE Ohi), pesquisador da AT&T, estava trabalhando com o Silício, dopando o mesmo com impurezas do tipo "p" e do tipo "n", descobriu a "barreira PN", conhecida posteriormente, e até hoje, como JUNÇÃO P-N, pilar dos nossos transístores.

Em 23 de dezembro de 1947,  John Bardeen, Walter Houser Brattain e  William Bradford Shockley demonstram o transístor no Bell Labs.

A Era dos Transístores

Em 1954, a Texas Instruments (quem não se lembra das calculadoras TI-57 e TI-58 da década de 80 ?) começou a produção de transístores de junção para os primeiros rádios portáteis. No mesmo ano, a SONY Company do Japão adquiriu a autorização para também produzir transístores.

Em 1956, temos o mais importante marco da História dos Transístores, John Bardeen, Walter Houser Brattain e  William Bradford Shockley ganham o Prêmio Nobel de Física, pelas "pesquisas com semicondutores e descoberta do efeito Transistor" (FET - Field Effect Transistor, ou Transistor de Efeito de Campo, ou ainda Transistor bipolar). Praticamente toda a eletrônica de nossos tempos está alicerçada nos Transístores, principalmente o Computador.




Em 1960, a SONY iniciou a produção de aparelhos de Televisão usando transístores ao invés das ultrapassadas válvulas.

Conclusão

O leitor pode respirar um pouco, e fazer uma avaliação de percurso. Antes da entrada dos anos 60, a infra-estrutura tecnológica no campo da Eletro-eletrônica estava plenamente desenvolvida, tanto na parte teórica (desde o magnetismo, passando pela Física quântica, até os semicondutores). Estava aberto o caminho para a construção de dispositivos de instrumentação e controle, principalmente para o controle de foguetes e mísseis, pelos clientes militares.






quinta-feira, 7 de julho de 2016

O que a Conquista da Lua tem a ver com o Computador

Setenta anos se passaram desde o início da Guerra Fria, e mais de 30 anos do seu fim. Mas muitos dos seus efeitos, no que se refere à informação, conseguem durar mais tempo.

De uma palestra de 1982

Pesquisando o programa Apollo, da NASA, em busca de informações sobre tecnologia de foguetes, desde a V2 alemã até o poderoso Saturno V, nos deparamos com uma palestra do cientista Eldon Hall, que teve participação ativa no programa Espacial americano.

Nossa primeira estranheza foi verificar que a publicação do vídeo é recente demais para algo que ocorreu a mais de 30 anos (coincidente com o final da Guerra Fria), ou seja, 2 de outubro de 2014. E o nome do canal parece totalmente estranho ao assunto Apollo: ComputerHistory. Assistam ao vídeo. Tem legendas em inglês.



Estes dois fatos estranhos nos colocam frente à cortina de ocultação de segredos vigente até tempos recentes, e vai estarrecer o leitor. Título do vídeo: "The Apollo Guidance Computer, Part One: Eldon Hall". Ou seja, a palestra é sobre um Computador para guiar a nave Apollo ao seu objetivo. Mas como assim "Computer" (computador). De acordo com as informações da Introdução de qualquer curso de Computador por aí, Sabíamos que a IBM tinha máquinas erradamente chamadas de computadores, mas que só executavam tarefas específicas e pré-estabelecidas em seus circuitos na década de 50. Computador, para nós leigos, apareceu realmente nos anos 80, com o advento do chip.

Sim, isto foi assim até hoje. Acontece que a verdade estava escondida atrás da Cortina de Informação Americana. Eles foram eficientes em esconder uma quantidade de tecnologia do mundo, que possibilitou a ida do homem à Lua.

Algumas Datas

Se você acha que o chip é coisa dos anos 80, acompanhe esta tabela (exposta no próprio vídeo):

 Advento do ... Ano
 Transístor de Junção de Silício 1954
 Circuito Integrado Monolítico  1958
 Transístor Planar de Silício  1959
 Transístor de Junção de Germânio  1961
 Tecnologia RTL 1961
 Primeiro IC (Circuito Integrado) Linear  1963
 Tecnologia MOS (Circuito Integrado - Metal Oxide Semiconductor)  1968
 Microprocessador 1971

Veja bem, leitor que andou sendo bombardeado por frases de cunho absolutamente idiota como:

"Na época do programa espacial não havia tecnologia suficiente para o homem ir à Lua"

E ainda tivemos um astronauta brasileiro que fez gracinhas, em entrevista, para colocar dúvidas quanto à capacidade dos americanos para levar três homens à Lua, o senhor Marcos Pontes. Isto é que dá "oferecer pérolas aos porcos".

Vamos conferir as datas. Microprocessadores já em 1971. Existem situações que possam nos explicar como é que os Microprocessadores, tão úteis, só possam ter chegado ao mercado sob a forma de Apple I, Apple II, TRS-80 e TK-82 somente em 1982 ?

Claro que existem. O principal uso dos microprocessadores estava nos sistemas de navegação de mísseis. Vocês acham que os americanos iriam "abrir a guarda" e deixar um segredo deste (assim como os transístores) chegarem às mãos dos russos ?

Vamos dar o exemplo de algo bem prosaico. Os LP's de música. O tempo mínimo para um lançamento do mercado americano chegar ao Brasil, pela Continental, distribuidora de discos, era de 4 anos. mO Brasil era bem mais colônia do que é agora.

O primeiro setor que usufrui das novas tecnologias é o Militar. Em segundo vem a indústria. E em terceiro o setor comercial em geral, e mesmo assim com algumas características de alto nível ausentes. Os microprocessadores da indústria de mísseis tem baixíssima tolerância a falhas.

Que mentes brilhantes estavam envolvidas

A capacidade cerebral humana é imensurável, e alguma coisa você pode conferir no Blog do Cérebro

Mas existe um instituto americano que possui uma equipe de pessoas que realmente usam esta capacidade ao máximo. Isto é assunto do segundo vídeo: "Computer for Apollo". O título, em si, já é sugestivo. Trata-se de um computador. O simulador que dá uma ideia do mesmo está em:


Este é o aparelho discutido no vídeo:


A NASA celebrou um contrato com o MIT, em 1961, para desenvolvimento do computador que auxiliaria a navegação do Saturno V, para que três homens chegassem à Lua em 1969, ou seja, havia mais do que prazo para que os engenheiros do MIT pudessem atingir o seu objetivo.

Analisando o conjunto de instruções deste pequeno "aspirante" computador, percebemos mnemônicos como STA e STB, bem parecidos com os do Assembly utilizado no 6502 (processador dos primeiros Apple).

Cálculos feitos com Régua de Cálculo

Algo contraditório verificado comparando-se anos 40/50/60 com os anos 2000 é verificar que nossos pais e avós fizeram muito mais com a Régua de Cálculo do que estes "papas" tem feito com MatLab, AutoCAD, Excel e outras panaceias dos tempos modernos.

Construções antigas estão em pé, mas viadutos, ciclovias e trechos do metrô feitos com os recursos modernos estão caindo. E por quê ? Porque temos gerações de incompetentes e corruptos, que agora descreem de tudo o que foi feito para justamente construir o mundo em que nasceram.

O leitor talvez nunca tenha ouvido falar da régua de cálculo, portanto ai vai uma imagem, para que saibam com o que foi calculado o mundo em que nasceram:

Esta geração que usa WhatsApp, e que não quer saber de estudar não seria capaz de aprender a utilizar uma régua de cálculo, portanto não poderia ter construído o mundo em que vivemos.

Descrença

Pelo temperamento debochado e pela ineficiência em procurar informações úteis na Internet, alguns membros da camada "média" (melhor seria dizer medíocre) dos brasileiros andaram aderindo às correntes de revisionistas, que duvidam que o homem foi à Lua. Uma das bazófias utilizadas se referia justamente à "falta de tecnologia necessária". No entanto, pelo que foi mostrado (e tem muito mais), os americanos estavam prontos a ir mais longe do que só à Lua.

Geralmente, a pessoa só é capaz de acreditar naquilo que está próximo de sua capacidade. Como o Brasil está, nesta época, dominado por gente que prefere o caminho da corrupção, ao invés do caminho do trabalho, para ganhar dinheiro, isto se refletiu na descrença geral que domina nossa sociedade. As pessoas não acreditam em nada sensacional, POIS NÃO ACREDITAM EM SI MESMAS.

Outras Conquistas

O Sistema SAGE

Vejam bem como está errada a nossa crença de quantidade de tecnologia. Os EUA possuíam, já em 1950 um sistema computadorizado para fazer frente a um ataque soviético, debominado "SAGE System":


No ano de 1962, os mísseis Minuteman gozavam de um sistema de navegação computadorizado, conforme podemos ver no video a seguir:




Os Estados Unidos também foram os "herdeiros" da nata da inteligência alemã. Através de Werner Von Braun e de seu grupo de cientistas, eles herdaram toda a tecnologia de foguetes que possibilitou aos alemães enviarem primeiro a bomba V1 e depois a bomba V2, um verdadeiro míssil teleguiado,



com propulsores que foram os precursores do propulsor do Saturno V, que levou o homem à Lua, conforme pode ser visto no filme a seguir:


É, talvez algum reacionário, cético ou louco diga que os americanos gastaram alguns milhões construindo um modelo real só para "enganar" o mundo, e para subornar todos os jornalistas que aparecem na versão original do lançamento do foguete, narrada por ninguém menos que o próprio Werner Von Braun (documentário RARO):


Conclusão

Portanto, estava à disposição dos militares e dos pesquisadores do MIT tecnologia mais que suficiente para se levar o projeto Apollo a frente. O problema de custos se referia mais ao gigantesco foguete Saturno V, com uma altura equivalente a um prédio de 37 andares, e um peso de 3000 toneladas (a maior parte combustível, 3177000 litros).

O maior problema era a navegação, e este foi resolvido pelo MIT. O restante do problema era lidar com o alto custo de equipamento e combustível, para o qual até a tecnologia da segunda guerra mundial, herdada dos alemães ( Wernher von Braun estava no projeto Apollo).

Os americanos poderiam ter ido bem mais longe, não fossem as frases idiotas como as politicamente corretas "o governo americano está gastando muito dinheiro tentando resolver problemas da Lua, e deixando outras coisas por resolver".

Sim, por causa de um problema aparentemente "idiota" como a Conquista da Lua, é que temos hoje o microprocessador, possibilitando o uso de aparelhos de marca-passo, aparelhos de audição, celulares, smartfones, GPS e outras inumeráveis conquistas tecnológicas.
Dedicamos esta matéria aos brasileiros céticos, que fizeram várias "tentativas de filmes" e "picharam" o Youtube com suas idiotices, intituladas "farsa do homem na lua" e assemelhados.